Normalmente só vou ao cabeleireiro em Portugal, assim como só deixo cuidar das minhas unhas, quer das mãos como dos pés, no mesmo momento. Muitas vezes já venho com hora marcada. Hora quer dizer… no mínimo 2 horas. Há uma ou outra vez que também faço a depilação cera. E aí é quase uma manhã inteira apenas para mim.
Quando era adolescente pintei várias vezes o cabelo, cortei-o com diferentes cortes, inclusive cheguei a rapá-lo. Era hábito levar comigo uma revista, da qual escolhia o look. Mas pintar foi uma coisa muito esporádica e sem continuidade.
Há cerca de dois anos comecei a fazer madeixas. Comecei a fazê-lo como sinal de mimo para comigo, cuidar da minha imagem, e deixar o velho hábito desleixado e aquela falsa convicção: “quem gosta de mim tem de gostar de mim tal como sou”. Isto como se nos arranjássemos fosse retirar algo do que somos?!
Hoje acredito que cuidar da nossa imagem é sinal de amor próprio e atenção para com os outros. Gosto de ser agradável para mim e para quem se cruza comigo. E continuo a acreditar que, quem gosta de mim, gosta de mim de qualquer forma, com make up, sem ela; com barriga flácida como delineada; com cabelos pintados ou brancos em abundância.
Por falar em cabelos brancos… Tenho ouvido que uma mulher de bem com ela assume os seus brancos. Como se isso fosse uma lei universal. Lamento, recuso -me a assinar por baixo desta petição. Cada mulher tem a sua história e cada história dá tonalidades diferentes ao mesmo acto. Eu posso assumir os meus brancos por ser desleixada e não permitir ter tempo para mim. Como posso assumir os meus brancos porque me orgulho deles e cuido deles com carinho. Até na ciência cada vez mais vê-se que a universalidade é coisa da nossa cabeça.
Portugal é para mim o meu ninho, onde nasci, cresci e tenho as minhas referências e raízes. Portugal é para mim sinal de carinho e cuidado para comigo. Por isso quando o visito, anseio pela ida ao cabeleireiro, momentos com familiares e amigos, mas também entre nós os quatro.
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